sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bailarinas a moda antiga

Me pediram que contasse como foi que aconteceu. Como se o que acontece comigo tivesse uma importância incomum. Todas curiosas e reunidas em gargalhadas divindo a enorme barra de chocolate, e eu, brincando como sempre soltava um gemidinho a cada mordida saboreando o chocolate derretendo na boca (e de propósito espero as reações já repetidas), todas riem e imitam meu gesto para que as mentes mais "criativas" acreditem que falamos obscenidades. E para completar a vó da minha amiga que passa na sala fala tentando esconder o ar de riso:
_ Se Ju não estivesse aí acharia que falam besteiras.
_ Pode deixar dona Lena, eu coloco juízo nessas meninas!
E começa cada uma sem esperar que a outra termine tentando convencer a dona da casa que são confiáveis e ingênuas. Mas, acreditem, logo Dona Lena vem toda empolgada quebra uma barrinha de chocolate pra ela e pergunta:
_ Sim Ju, conta, como foi que aconteceu?
_ Eu não acredito! A senhora estava espiando a nossa conversa? Pois agora é que não conto!
E todas, a comecar pela senhorinha fazem-me cócegas até eu gritar que me rendi.
_ Tudo bem então. Eu conto:
O carinha era bastante atraente, um belo tipo; cabelo penteadinho feito homem (do jeito que eu gosto), barba por fazer e muito interessado naquele novo ambiente. Alongamos em dupla e como já era comum eu ajudava aos que chegavam, então eu e o bonitinho já tivemos de cara um contato maior. Ele tentava não demonstrar a dor quando eu forçava o movimento, ainda que eu o aconselhasse a gritar quando necessário. Ele resistiu. Acabado o alongamento passávamos para a próxima etapa, e como era terça-feira seria então dia de audição livre e individual para três bailarinos sorteados. Eu torci para não ser a felizarda. Apesar de ter um número pronto não esperava um público surpresa. Não tínhamos mais muito tempo e só haveria apenas uma audição. A professora pediu então que o novo colega escolhesse alguém, assim de olho mesmo. Ele nem precisou falar, fiquei tão sem graça com olhar longo e penetrante que ele me lançou que fui até a mochila buscar as sapatilhas e o cd com a canção. Meu coração acelerou. Tentei manter a respiração controlada, fiz sinal para a professora e só mative os olhos abertos até ver ela apertar o play.
Pronto, o coração foi levado pelo som e minha ansiedade também. Tudo era meu, principalmente os olhares da turma. Então, antes das piruetas procurei um ponto fixo para olhar e lá estava o rapaz, o encarei  e lá fui eu. Um... dois... três giros e parei rente seu rosto. Porém, não sei quem estava mais ofegante, se eu ou o rapaz. A turma como sempre aplaudiu e nos abraçamos coletivamente.
Enquanto cada um arrumava sua mochila e conversávamos sobre esse ou aquele passo que coreografei nem me lembrava mais do novato. Ele me esperou na saída do teatro para me cumprimentar e agradecer a colaboração. Eu respondi que não foi nada demais, que se acostumasse pois é o funcionamento natural da turma. Me despedi e só o vi ontem enquanto passeava com  a Vivi, ele veio e nos cumprimentou e o resto vocês já sabem, essa fofoqueira já contou o que foi e o até o que não foi. (risos)
_ Mas e ontem?_ Perguntou Dona Lena.
_ O que tem ontem?_ Indaguei.
_ Beijinho minha filha! Teve ou não teve?
_ Não Dona Lena, nem conheço o rapaz direito. É bonito e muito educado, por isso o espanto de Vivi, mas é só um amigo que as tontas queriam saber onde e como o conheci.
Dona Lena me olha desapontada, quebra mais uma barrinha de chocolate e resmunga enquanto levanta para se dirigir à cozinha:
_ Esse mundo tá perdido! Perdido! Nos bailes do meu tempo moça nenhuma dançava só e nem perdia tempo, o próximo encontro era marcado e rapaz esperto beijava logo moça bonita pra ela matar as amigas de inveja. Bons tempos... Bons tempos...


domingo, 25 de julho de 2010

Desespero e Felicidade = Meio e Fim

Ainda em retiro, porém, o blog é "casa que abriga agora a trilha incluída nessa minha conversão". Não tem jeito, entre reflexão e outra a respeito das decisões práticas me abasteço de leitura e filme, na maioria filosofia. Haja profundidade Juci! Ainda que eu desejasse muito não conseguiria ser rasa...
Como já expliquei anteriormente meus retiros são apenas tomada de fôlego para ações. Sou defensora da filosofia para além de sistemas, e nada melhor que ler o que gostamos(mas ler o que não gostamos é fundamental, ainda que seja para criticar). Recomendo aos que desejam tomar fôlego então uma leitura saborosa e libertadora:


O filósofo propõe um novo conceito de desespero; não esperar, o que significa agir e aproveitar o aqui e o agora com resposabilidade, de modo que os nosso objetos de desejo tenham sabor de conquista e façam para nós ainda melhor sentido. Que a possibilidade de ter ou viver algo não seja maior nem melhor que o próprio ato. Uma lição sobre amar a vida; a que temos, a que queremos, a que podemos proporcionar a nós mesmos na qualidade das nossas ações com o outro.
Para que entendam a importância da obra dentro do meu contexto pessoal (retiro ou tomada de fôlego) e incentivar a recomendação aos que se encontram em situação semelhante (ou não), cito:
"O que chamo de desespero, filosoficamente, é bem próximo do que Freud, a seu modo e de outro ponto de vista, chama de trabalho do luto. Não é, de forma alguma, um trabalho da tristeza! A meta do luto é a alegria."

terça-feira, 20 de julho de 2010

E se pensar em mim

Não foram poucas as vezes que escrevi para aliviar um aperto, uma angústia que de algum modo me motiva a pensar sobretudo no que eu não quero. Mas hoje minhas palavras são mesmo uma confissão; logo eu sempre reservada, a que ouve, aconselha, que acaba fazendo piada e rindo quando tudo dá errado, ouso dizer até que a dona de um mistério muitas vezes perseguido pelos seres do sexo oposto. Hoje eu estou me despindo, não sem algum medo, mas é o resultado de um processo inevitável. Com algum receio resolvi mudar alguns posicionamentos, dar espaço a quem o buscava, ser menos platônica aos que assim me viam. A única coisa que eu não mudei e não pretendo fazê-lo, foi iludir, cada espaço cedido foi entrega sem que eu tivesse controle sobre ele depois.
Se tem algo que eu aprendi?
O que posso responder é que senti um vazio que está doendo, porque as pessoas estão vazias. Definitivamente eu nunca vou aprender a ser rasa! Eu nunca vou pedir a alguém um espaço que eu tenha a intenção de usar e não sinta a obrigação de cuidar! Eu estou decepcionada... no plural... multiplicando por 1000. Bando de gente estupidamente igual, estupidamente populares. Ninguém mais constrói sua história. Agora todos vendem uma imagem.

Eu não estou desistindo, como quase fiz outras vezes. Porque eu sim tenho uma história, que me fez intensa. Única. E o meu mistério é um espaço ainda nunca confiado a ninguém que de fato não mereceu conhecê-lo. Eu deixo sinais, que talvez alguém no futuro se emocione quando me reencontrar na lembrança: EUREKA! Agora eu entendi!
O meu medo?
Ser tarde. Ser triste.
Algumas vezes eu fui embora. E voltei. Mas até quando?
Eu vou dar um tempo. Dessa vez eu vou consciente de que volto. Vou sentir o que fica, o que permanece. Depois eu vou decidir o que merece ficar e permanecer.
Meu pedido?
Não me procure se não quiser me achar. Não acredite que todos estão tão iguais assim. Quando olho para alguém, eu não quero ver todo mundo. Não me elogie. Não me ligue. Não me visite. Não faça nada que não acredite ser especial. Não pense em mim. Mas se você pensar... eu já te invadi. Então me ligue, e me avise, e me faça acreditar que já sabes que eu sou especial. Antes. Antes que eu já tenha cercado e trancado um espaço que certamente já foi seu.

Obs: O que vocês leram aqui é absolutamente Juci. Não é ficção.
        De fato aproveito as férias para uma espécie de retiro, algumas coisas aconteceram sobre as quais só posso refletir com alguma distância. Talvez eu mude um pouco, e certamente será para melhor. Aos que me cercam de afeto minha gratidão, meu amor, e o pedido de que continuem assim, largos... profundos... e tão meus. E lembrem-se: Qualquer coisa é a mesma coisa. Mas uma coisa que não é qualquer jamais será igual a coisa alguma! Beijos!

domingo, 18 de julho de 2010

Compromisso Com o Acaso é reconhecido...

Mais uma edição do Dardos me foi ofertado, agora pelo EngenhoLiterarte.
Grata.

Regras:

Exibir a Distinta Imagem;

Apontar o Blog pelo qual recebeu o prêmio;

Escolher uma quantidade de pessoas de sua preferência e a um blog de cada pessoa escolhida oferecer o “Prêmio Dardos”.

Blogs Indicados:

Palavre(ando)...
Será Arte?
*lua*

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Para refletir e reconhecer


"Quem contempla aqueles temíveis despenhadeiros escarpados onde geleiras se acumulam considera impossível que venha um tempo em que, no mesmo sítio, se instale um vale de relvado e floresta, com regatos. Assim é  também na história da humanidade: as forças mais selvagens abrem caminho, e, embora destrutivas, de início a atividade delas foi necessária para que, mais tarde, um modo de vida mais suave aí se erguesse sua morada."
(Nietzsche. Humano, Demasiado Humano.)  

sábado, 10 de julho de 2010

Hoje vou escrever sobre você

Foi a frase do Marquinho outro dia no MSN, dentre tantas outras de tamanha importância para mim. Aquele dia ele acabou não escrevendo, mas hoje eu sinto muita vontade de escrever sobre tão querido amigo, que talvez por uma falha minha não saiba o quanto o seja.
Marquinho foi um dos meus primeiros contatos feito no "mundo virtual", portanto, fazem cerca de seis anos_é o tempo que comecei a me interessar pelo teclado de um computador_ Ainda lembro o nick do Marcos, (apesar de não fazer idéia alguma do meu, acreditem, não sou muito simpática a idéia de amizades que surgem na internet, mas tenho algumas das boas que assim iniciaram, dá pra contar nos dedos de uma mão, mas ainda me fazem repensar, e Marquinho é uma delas) a princípio o chamava de Ian. Eu iniciava o começo da minha jornada universitária, e ele trabalhava em uma rede de supermercados, repositor eu acho, e muito sedento de conhecimento. Me encantei pelo interesse daquele garoto que fazia as próprias oportunidades, e se um dia eu esboçava algo sobre um pensador, em dois ou três dias o Marcos trazia suas principais idéias, pois comprava uma obra indicada e esmiuçava cada frase, e com uma humildade maravilhosa me trazia questionamentos que nos levavam a entrar madrugada adentro filosofando. Logo me apresentou textos de sua autoria. Mas nossas conversas eram muito ricas, tratávamos de música; rock progressivo, o nacional, a mpb e até nossas bandas regionais que surgem de tempos em tempos. Nem sempre concordávamos, mas havia um respeito mútuo que permeava as nossas conversas.
Eu não fazia idéia alguma sobre a aparência do Marcos, e inexplicavelmente não sentia muita curiosidade, aquele amigo me bastava assim como estava... mas, apesar de já ter-me visto em fotografias, ou talvez por isso mesmo, o meu amigo sugeriu que nos víssimos, e eu; bem, eu me recusei. Mas tanto o Marcos quanto eu estávamos mergulhados em uma amizade que nos fazia comentar com outras pessoas sobre alguém tão... tão interessante. E, logo surgiram interessados em serem amigos dos nossos amigos. Assim de um modo incorreto diga-se de passagem uma "amiga" pegou o contato do Marcos e iniciou o que ela pretendia uma amizade com o MEU amigo, e ao marcar para conhecê-lo prometeu levar-me.  Assim me pegou subitamente com a notícia, e um tanto contrariada lá fui eu. Sem nenhuma referência eu sabia quem era o Marquinho, e ele me reconheceu, a mim e a outra garota. Ela não tinha os nossos gostos e acabou sendo um detalhe para a efetivação da nossa amizade, aos poucos deixaram de se falar, de modo que o contato deles se resumia a ocasiões onde nos encontrávamos por acaso ou em ocasiões as quais eu reunia meus amigos.
Com o tempo conheci a história de vida emocionante daquele garoto e só o admirei ainda mais. E ainda que cheia de reservas, me permiti descansar e chorar no ombro amigo do Marquinho, que soube de coisas que nem imaginei contar a amigos de longa data. Marquinho é daquelas pessoas que dizem; Eu te amo! Ou ainda; Você é muito especial em minha vida. E agora com alguma frequência: Sinto saudades...
O Marquinho foi para outro estado em outra atitude de coragem que me surpreendeu. Graças ao velho MSN mantemos contato. Tenho muito orgulho do meu primeiro melhor aluno, agora autor de livros. Falamos menos que em outros tempos, mas com o mesmo interesse, sobre as novidades, mas principalmente sobre o que não tem nada de novo dentro de nós. Eu não sou muito o tipo de pessoa que se declara todo o tempo, e portanto, como já coloquei, meu amigo não saiba o quanto o amo, o admiro e tenho uma saudade enorme dele. É uma falta que aos poucos tento consertar com ele e outras pessoas maravilhosas que por acaso cruzaram o meu caminho, mas que só com muita determinação permanecem, e hoje nem sei pensar um caminho sem eles.

domingo, 4 de julho de 2010

O que é estar nas nuvens...

O seu rosto assim tão de perto me trouxe uma paz de fazer medo;
Enquanto falava comigo me perguntei como estive tanto tempo alheia ao fascínio que então você me exerce...
Cada vez mais acredito que te guardei, como se faz com os tesouros os quais o maior valor é a certeza de tê-los.
Agora quero gastá-lo, mas para te ver render, multiplicar, e também se render a mim para que cada vez mais me ganhe e me leve contigo.
Tanta vontade de "dividí-lo" com os meus...
Abandonei completamente o antigo que talvez ainda me caísse bem. E agora o medo, a insegurança de não saber o que tenho, ou de não saber merecê-lo. Mas tenho certeza: faria tudo novamente.
Você ainda não sabe, mas está me recuperando. Sinto tanta pureza em querer. Não te esforçes tanto além de suas mãos acariciando minha nuca ou me oferecer o ombro para encostar minha cabeça enquanto falamos sobre a lua e contamos estrelas... mas quando você encosta o ouvido em meu peito enquanto te abraço temo que percebas um coração que bate a ponto de quase explodir... e talvez seja por ouví-lo que encosta suas mãos nas minhas entrelaçando nossos dedos...
Sobre você tenho conversado com Deus aproveito; já que tens me levado tantas vezes ao céu. Pergunto a Ele se você é meu anjo, mas Deus apenas me responde com outra pergunta: Se ao teu lado me sinto protegida.
Respondo que sim. Mas confesso que em sua ausência fico ansiosa, e entre a ansiedade e a paz me confundo. Então resolvo apenas pedir que Deus nos abençôe.
Sobre as nossas brincadeiras; são o que tenho de mais sério no momento; minha felicidade real.
Ao lembrar da expressão de encantamento em você ao me reconhecer me sinto boba porque eu não me dei conta do que estava acontecendo.
Tantas foram as suas investidas e as minhas risadas como resposta; mas acredite, me convenceu que te preciso e há muita seriedade no sorriso do meu olhar.
Você fez pouco da minha "bagunça" e entrou como que entra em um palácio, me trouxe sonho, e em ti descanso... Você é divino porque me faz pensar em eternidade e o único fim que aceito pra tudo isso é o clássico: "felizes para sempre."
Tudo que preciso saber a seu respeito é quem sou para você.
A sensação de uma entrega parcial a cada encontro é só o desejo de um "até breve". Te espero tanto... e te espero ainda  mais a medida que te tenho. Ao mesmo tempo que com você descobri o que é ser tudo, também descobri o vazio. Sinto que a cada despedida você me leva, e a minha timidez me impede de te pedir que em troca você fique. Sou alguém que não apenas te quer, mas precisa do seu consentimento para te querer.
Se você me liga; eu existo! Se você não me liga? Eu não desisto! E de qualquer maneira me faz viver! Só posso ser grata.
Se eu pudesse passear no tempo escolheria os teus dias, para ver se me surpreenderia em alguma esquina.
Em meus dias te classificaria como o meu agora, te reafirmando a cada segundo, mesmo nos quais estou só, porque mesmo só não sei mais estar... em inspiração se faz presente e ao revivê-lo estou sempre em sua companhia.