Sobre as coisas que não falo escrevo. É como se para tirá-las de mim ou fazê-las minhas de fato e por completo. Sou assim porque não sou de meias palavras nem de metades. Sou inteira. Não quero por perto quem não se define e não sabe me ter assim... definitiva. Mas se as pessoas não se dão não as culpo, tenho para com elas o nobre gesto de deixá-las. Faço-as mais livres e mais leves que antes.
É certo que sofro dentro da confusão que se dá em faltas, quando procuro e não acho. Quando procuro. Quando ainda procuro...
Sou tão inteira que os meus problemas físicos se fazem emoção e vice versa: menos alguém mais uma dor, uma falta que em mim se faz parte. Me afeta e aflige a vida que não tivemos e mais uma etapa se encerra na esperança de acertos que nascem da dor de cortes. O meu melhor onde posso deixar?! É para o seu melhor que existo, mas melhor ainda não sou enquanto ainda procuro...
Meus grandes medos que dobro cabem no meu coração aberto, e quem lá visita me distrai, e quem lá mora me protege, e quem de meu coração se faz é coragem de encontrar e continuar novas procuras. E é por isso que por enquanto ainda procuro...
Tem dias em que acordo procurando o ontem para renovar felicidade. Em outros a felicidade vem em forma de presente e o ontem vai embora. Mas há também os dias em que a felicidade não vem e ontem feliz é a dor de agora. Porque o ontem não mais existe. Mas a minha condição para eu ainda existir é que... ainda procuro...
O meu amanhã o ontem não me levará. Só me perco em quem se dá. Preciso de tempo e de espaço para as minhas procuras que se dá no nós de duas pessoas, que se multiplicam em corpos e almas que se confundem, não como simples metades, mas, como complexos inteiros que cada vez mais se conhecem e que jamais desistirão da novidade que serão amanhã.