quinta-feira, 29 de abril de 2010

O Pessoa e as pessoas em mim.


Tenho todos os motivos para não ser e nenhum para ser.
Sou.
Há um grito ensurdecedor acontecendo agora em mim.
Silencio.
O que sinto não tem forma. Nem estilo. Só sentido.
Ignoro.
Não cabe a mim julgar.
Condeno.
Minhas palavras não cabem em um poema, nem em um soneto, nem crônica, nem em palavras.
Escrevo.
Um cansaço de tudo. Uma dormencia. Um torpor.
Insônia.
Nunca estive tão lúcida antes, as coisas se apresentam com tamanha clareza que as entendo em demasia.
Louca.
Penso em vários idiomas, dialetos, sinais. Poderia explicar o que desejasse a qualquer pessoa do planeta.
Solitária.
Dedicada esposa, amiga atenciosa, amante das artes do amor e sobretudo das artes...
Solteira.
Um frio de bater o queixo, todas as extremidades latejam.
Nua.
Confusa entre as cores, são tão lindas!
Sépia.
Tanto sono... Boceja. Deita.
Acorda.
Faz e aconteçe.
Sonha.
Adora música. Sax. Bateria. Agudos.
Enxaqueca.
Espera palavras bonitas. Declarações. Juras ao pé do ouvido.
Surda.
Saudade profunda de tudo que quer viver. Lembrança insistente dos nadas que foram. Medo do que não virá. Vontade do que já possui. Remorso de não ter culpa. Vida cheia de morte.
Eterna.
Ainda quando as frases parecem soltas, desconexas, distantes... elas nos denunciam. Quando não há coerência alguma nos descobrimos. A incoerência é a mais humana das características. São nas lacunas, no vazio, no silêncio compartilhado que nos identificamos. As palavras nos disfarçam, nos vestem. Nos protegem? Não sei...
Quanto mais penso menos quero pensar. Apesar de todo sofrimento que os sentidos podem acarretar, temo não sofrer. Não, não gosto de tristeza, mas é uma necessidade para quem deseja ser feliz. Como sabe que é feliz quem nunca foi triste? Poderá ser um triste crônico.
Vou continuar me perdendo no desassossego como o genial Fernando Pessoa, para poder sossegar de vez em quando vendo o Menino Jesus dormir, ou passeando de mãos dadas como a Lígia, ou me permitindo certo dias adiar as preocupações para Amanhã.
Sou pessoa porque tenho todos os motivos para não ser e nenhum para ser.


8 comentários:

D. R. disse...

:) excelente :)

Lindo texto...

Continua a escrever porque tens um dom especial.

Beijinho.

(Obrigada pelo teu comentário. Continuo sem ter a certeza de que aquilo seja verdade. Mas a verdade é que tenho medo que seja. E uma parte de mim, acredita que é.)

Dani disse...

aqui é tudo muito lindo, parabéns!

*lua* disse...

Olá flor ...

Muito lindo texto ...

Somos pessoas num tudo e tudo em pessoas ...

beijos

♪ Sil disse...

Juci, que lindo esse texto minha amiga! Perfeitooo.
Dom bonito que Deus te deu!
Um grande abraço!

Patrícia Antão disse...

Perfeito!
Adoro ler o seu blog.
Identifico-me com as palavras e sobretudo com os sentimentos sentidos a cada palavra escrita.
Parabéns!!

D. R. disse...

:)

Tenho um miminho para ti no meu blogue.

Beijinho.

Josephine disse...

eu achei muita fofinho, também :)

Filipe Costa disse...

Oi tem um selo para voce no meu blog...
Um abraço!