segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Histórias para contar aos netos


          É com lágrimas nos olhos que escrevo, pura emoção. Pensando sobre a vida fiquei feliz por encontrar entre muitas lembranças a figura dos meus avós. Senti tanta vontade de abraçá-los, deveria fazer isso todos os dias... Tenho muito presentes os meus avós maternos, quanto aos paternos só conheci meu vôzinho que perdi ainda na infância, mas ainda guardo lembranças, minha vó paterna faleceu quando meu pai tinha apenas 5 anos de idade. Tive a grande sorte de ter na minha infância minha bisa materna mãe de minha vó, lembro tão nitidamente dela, tanto carinho comigo... dentre as manias que adquiriu com idade que fazia dela quase criança uma delas era pedir a pessoas com quem conversava agrados para a netinha (eu), me recebia com festa e assim como quem brinca com outra criança me oferecia doces escondido da minha mãe. Sou grata a todos que participaram e ainda participam da minha formação, apesar de acreditar que é um processo que acontece até o fim da vida sei que os primeiros anos são fundamentais, e muitas características emocionais são fruto do que recebi dos meus avós, inclusive o hábito de passear em boas lembranças.
          Afortunada com minha herança imaterial é que não desejo uma material, se me fosse concedido a realização de um desejo queria tê-los comigo sempre pois nada do que me deixariam seria melhor que suas presenças. Graças a minha vó adquiri o hábito da leitura e desde muito cedo aprendi a ser olhada por alguém com admiração; meu avô. Meu vô que assistia meus "shows musicais" com a maior paciência do mundo nos dias da minha infância foi o mesmo que sentou comigo muitas vezes pra discutir assuntos que ninguém poderia imaginar que eu fosse capaz de tratar: política, princípios morais, economia, o valor dos laços familiares. Em dias difíceis em que a existência já me cansava os tive por perto me mostrando que estavam muito bem dispostos a me darem o apoio e consolo, e eles apesar das marcas do tempo nunca me deixaram ver uma expressão de cansaço no esforço para me fazer feliz. Hoje sou feliz se os faço feliz porque ainda quando os acarinho sinto que nunca poderei estar a altura do carinho que recebo, parece que os avós são os maiores especialistas em cafunés.
          Infelizmente nem todos tiveram a mesma felicidade que eu, embora muitas pessoas não tenham lembranças tão doces quanto as minha porque não soberam interpretar a força do tempo nos rostos dos seus avós e os perderam completamente. Gostaria que as minhas palavras tivessem o poder da emoção que sinto agora e tocasse muitos netos... Tantos avós esperam por um afago dos seus netinhos, porque os netos não crescem e não podem dar nada além de carinho, e carinho é só o que os avós desejam. Não sei se um dia terei netos para contar-lhes histórias, mas sei que graças aos meus avós tenho lindas histórias pra contar.  
         

2 comentários:

Anônimo disse...

Oi Juci!!!

Sou estudioso de Filosofia e Psicólogo de formação. Adorei o artigo sobre os seres on-line. Gostaria muito de poder trocar idéias sobre filosofia e cultura em geral. Se puder me aceitar no MSN, agradeço! PS: No meu caso é o único jeito, apesar deu preferir sem dúvida o calor da vida real! Mas as vezes tbm é melhor um papo com conteúdo via msn do que uma conversa futil ao vivo... Hehehe
Beijos! Davi Wood (Vc pode me responder se aceita pelo meu e-mail - daviwood@bol.com.br)

Altamirando Macedo disse...

Juci, vim retribuir e agradecer sua preciosa companhia virtual e me senti saudoso ao ler o texto belíssimo que você dedicou aos avós.Também tive os meus, e um deles, o materno, me acompanhou dos 7 anos até os 50. Presente e participativo.Foi avô, bisavô e tetravô com muitas histórias contadas. Parabéns pelo texto.