Era uma vez uma ....menina perdida. Solitária, escondida. Cheia de dúvidas e cicatrizes. No semblante uma máscara que esconde a passagem de sua alma. Absorta, esquiva, a bisbilhotar no escuro em que se esconde. Cheia de sonhos, mas muito insegura! Se esconde no escuro, se esconde da vida! Foge de si mesma. Mas não desiste, insiste e procura por si mesma!Ora, como estava já escrito na sua vida (embora não o soubesse ainda), naquela manhã, em que as sombras dominavam devido à insistência das nuvens em tapar o sol, a menina foi puxada para fora de casa.
Não sabia que mão invisível a impelia a sair, em busca do mundo lá fora, mas ouvia nitidamente uma voz que chamava: _Laura. Laura._O seu nome ecoava nas ruas, na sua cabeça, mas ao olhar em volta, nada via.
_ Pela força do acaso, por aqui passei. E entrei, gostei e encantei…O mundo lá fora, pelas cortinas espreitei... Pela certa voltarei, e café tomarei. Adoro cantinhos encantados, adorei…É longe…eu sei…Mas voltarei!
Mas Laura no entanto, não desistiu. Ouvia o seu nome numa voz suave, mas cada vez mais alto, a ser chamado. E aí, reuniu todas as suas forças como num reluzente cristal. Lutou ferozmente contra aquela mão que a tentava puxar, puxar, puxar...
Solitária, a guerreira caminha ao acaso. Desviando dos obstáculos, não sente mais os calafrios do abdome, apenas caminha rumo ao chamado.
E de repente num feixe de luz vê a figura de sua mãe, com as mãos estendidas, olhar carinhoso, sem dizer uma palavra, lhe passa uma mensagem de confiaça em si mesma, pois jamais está sozinha e deve caminhar fixando um ponto no horizonte e por fim sua mãe desaparece no infinito.
Laura em silêncio se perguntava se não era um sonho... tinha medo de falar e descobrir ser tudo real. Nunca vira a mãe antes, que morreu assim que a pôs no mundo, mas intimamente sabia que era sua mãezinha.Olhando para a porta que deixara aberta Laura não sabe se deve voltar para casa ou caminhar sem rumo. Mas, feito um bichinho escorraçado pelas lembranças que havia deixado para trás, seguiu as ruas. Ainda estava atônita, sem destino... morta de fome. Andou muito. Até o anoitecer. E exausta, adormeceu enroladinha num canto qualquer, de uma praça qualquer: estava,definitivamente, perdida.
A noite fria se foi, o sol começa a aparecer por entre nuvens e com ele surge um homem bem vestido com maleta na mão, ao ver aquela moça deitada no chão, lhe cutuca dizendo:
_ Não tenhas medo. _ E pergunta: _O que uma moça tão bonita faz deitada numa praça?
Laura esfrega os olhos e tem a certeza de conhecer aquele homem. Muito simpático ele se dirige à uma padaria em frente e compra pão e leite para a menina. Faminta Laura come sem pensar em modos, enquanto o cavalheiro a observa. (Ela se da conta da fome que estava e se constrange quando percebe que ele estava observando-a).
Mas ele continua:
_ Alimenta o corpo, e deixa-me cuidar da tua alma." entregou-lhe umas asas brancas, "- Voa comigo, vou levar-te a conhecer o mundo dos sonhos. _ Deu-lhe a mão e no chão ficaram apenas as migalhas de uma vida...
Primeiro, Laura, ficou surpreendida com o facto de o homem não precisar de asas para voar. Mas lembrou-se que talvez só ela precisasse delas.Voaram por tempos infinitos, sem nada ver. Só nuvens. Um tapete infindável de nuvens, que parecia descrever um qualquer trajecto que deveria ser seguido.Chegaram, por fim, a um lugar diferente. As nuvens foram substituídas por raios de sol coloridos: o arco-íris.
Pousaram em cima do arco-íris, foi quando o homem fez a Laura a seguinte pergunta: - Você prefere continuar sua vida podendo voar, e melhor, voar sem asas, ou voltar a sua vida de antes?
Laura, cheia de felicidade, porque nunca tinha estado ao pé de um arco-iris, perguntou se podia agarrar uma cor.O homem aproximou-se, pegou em cada raio de Luz...e colocou na mão de Laura, um a um formando feixes à volta dela...e quando ia agradecer...eis que o homem desaparece...dando lugar a uma senhora com cara de anjo, que lhe disse:
_Laura, não tenhas medo...
E ela, instantaneamente soube que era sua mãe, pois não tinha esquecido sua voz suave e doce desde o seu ventre...E sua mãe continuou ...
_ Laura, não tenhas medo... Estou ao teu lado... carrega-me no seu ventre agora... tenha força, não se sinta só, preciso sentí-la novamente ao meu lado... preciso de teu amor... não me negue essa oportunidade... volte para sua casa, volte para sua fortaleza.
_Mas... mãe? Onde estou? Porque você está aqui? Senti tanto sua falta. Perdi-me durante longos anos de minha vida, sem rumo, sem prumo. Escondi meu sentimentos e aflições. Escondi-me da vida. E agora te vejo, como um sonho maravilhoso de meus mais secretos desejos.
_Laura... Você está viva, e eu sempre estive com você ainda que só agora me veja. Dói-me demais ver-te presa em dias tristes da sua infância trancada em seu quarto, possuindo asas tão lindas e já mulher, ainda que não perceba-se assim. Quero que faça do nosso sonho o despertar para uma nova vida. Uma vida cheia de cores ao lado daquele que te faz voar. Façam da nossa velha casa um lar cheio de risos e cheirinho de café. Um dia querida, se lembrará da nossa conversa e perceberá que toda dor e saudade deu lugar a uma doce lembrança...
Passaram-se alguns anos desde o dia em que Laura sem entender acordou no balcão da padaria que ficava na praça que frenquentava todas as manhãs. Foi nesse mesmo dia que conheçeu o Gabriel, agora seu esposo.
Hoje Laura acordou feliz, ontem confirmou que tem no ventre uma menininha a quem dará o nome Íris em homenagem a sua mãe.
Ficha Técnica:
Autores: Afonso Rocha
A Magia da Noite
Ana Carolina
D.R.
FÊNIX CRUZ
Josephine
Juci Barros
*lua*
Paulo
Psiquismo Desmistificado
Sônia Silvino
up
Vitor
Edição de imagens e texto: Juci Barros
Apoio: O compromisso de todos.
Direção: O acaso.